Todos os usuários já sabem, ou pelas notícias ou pela experiência, que no final de julho o CEO Adam Mosseri anunciou atualizações e mudanças no Instagram. O vídeo postado em seu twitter - que parecia ser uma resposta a uma repercussão negativa, mas, explicado posteriormente que não - trazia informações de grandes mudanças e o rumo que o aplicativo teria. Esperei um pouco mais para ver se alguma outra novidade aterrorizante surgiria, mas ainda não surgiu (graças ao bom Deus!), e o que Mosseri falou vem acontecendo mesmo.
Novidades Amargas
Todos os usuários mais antigos do Instagram já sabem que o aplicativo está em constante mudança. As quais nem sempre são muito significativas, mas, de vez em quando sim. Nesse caso atual, foram muito significativas, pois as alterações não aconteceram apenas no layout ou pequenas funcionalidades, mas, chegou a nível do algoritmo.
A mais perceptiva delas, e que causou uma gritaria, foi o aplicativo incorporar um "estilo Tik Tok" de ser, explico melhor abaixo. Antes de falar das mudanças em si, gostaria de lembrar que tais mudanças trouxeram um impacto global. Como foi o caso da publicação da fotógrafa Tati Bruening, na qual protesta contra a “TikTokização” da rede. O post dela viralizou mais a partir do compartilhamento das modelos e empreendedoras americanas Kim Kardashian e Kylie Jenner (orgânico funciona).
O protesto surgiu após a expansão da mudança mais recente e radical do feed, página inicial da rede onde são mostrados conteúdos de contas seguidas pelo usuário e sugestões de conteúdos semelhantes - que agora são mostrados em tela cheia, com maior foco em cada publicação, semelhante ao feed do TikTok.
Essa reação é totalmente compreensível, principalmente quando entendemos que há um impacto profissional (e não apenas na experiência dos usuários). Estou falando de fotógrafos, social media, influenciadores, e outros profissionais que utilizam a rede para o seu ganha pão. Imagine aqueles que fizeram o planejamento de mídia para um mês do conteúdo de dez clientes, achou que ia dormir mais tranquilo, mas, ao acordar percebeu que terá que refazer tudo novamente. A angústia e desespero foi grande nesse momento. Especialmente porque o planejamento vem depois de diagnóstico, pesquisa, braistorms, muita reza, enfim, aquela vontade de morrer bateu forte. Vou um pouco além, influenciadores que fizeram belas imagens de eventos e viagens, de repente descobrem que o esforço pela selfie perfeita valeu pouco. Não tem como voltar no tempo e fazer um vídeo ao invés de foto. Ou seja, só queria me solidarizar e dizer que a gritaria foi muito justificada. Mas, vida que segue. Vamos entender um pouco melhor essa mudança no feed abaixo.
Tik Tok Algoz?
Como foi dito, parte das mudanças é para que o Instagram se pareça mais com o seu rival Tik Tok. O aplicativo chinês cresceu muito no mundo todo e tornou-se a "rede social" mais utilizada no mundo em 2021, e não está diferente nesse ano. Ele se popularizou especialmente entre um percentual considerável da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e Millenials. E porque deu tão certo? O Tik Tok, muito mais do que apostar em vídeos, entrega esse conteúdo de uma maneira e em uma interface muito diferente. Ele faz os algoritmos funcionarem em dois caminhos: um de gratificações rápidas e outro quando a plataforma gera um autoplay. Assim, se você viu uma dancinha e deu like, ao arrastar vem outra, e outra, sem precisar clicar em mais nada, e como são vídeos curtos, você acaba assistindo e ficando lá. Isso explica um pouco do porquê ele é tão viciante (tem outras razões, claro!). Ou seja, ele foi feito para a pessoa ficar presa querendo ver mais conteúdo. O fato é que hoje o Tik Tok é líder, e muitos anunciantes começaram a migrar para ele, ou pelo menos a considerá-lo (se você vende algo e não está lá, deveria considerar). Em outras palavras, para os concorrentes, isso significa guerra!
Metamorfose Ambulante
Contudo, já o Instagram, apesar de suas mudanças, não tem o mesmo DNA do Tik Tok (ainda). Ele foi comprado pela Meta (Facebook Inc. na época), e de uma espécie de Flickr (aplicativo de armazenamento de fotos) incorporou as habilidades sociais e de conexão do Facebook. Mais tarde, com o sucesso do Snapchat, ele incorporou habilidades de vídeos, os conhecidos stories. Chegou a ter poderes de streaming para se parecer com o Youtube (rede mais acessada em 19 e 20) (lembra do IGTV?), e agora mira no Tik Tok. Como foi dito, ele está sempre "modernizando". Veja o que aconteceu com o seu feed e como isso afeta a experiência.
- Alcance - A principal mudança, e a mais criticada, está relacionada ao alcance das postagens. Assim, se você postar uma foto e um vídeo, o vídeo terá um alcance maior do que a foto (eu testei). Ou seja, ele chega a mais pessoas. É comum que os profissionais da área se sintam prejudicados pela diminuição do alcance, mas é errado associar isso a uma suposta má vontade ou má-fé dos canais de mídia; há incontáveis variáveis que reduzem o alcance das publicações, entre elas a quantidade cada vez mais crescente de conteúdos que é veiculada diariamente nas redes sociais, e a forma como os conteúdos são distribuídos: o cálculo por relevância. De forma ilustrativa, o seu conteúdo terá um crescimento de alcance proporcional à quantidade de interações que ele recebe, logo, quanto menos interações você tiver, menor será o seu alcance, e quanto mais outros conteúdos concorrentes conquistarem a atenção do usuário para quem você poderia aparecer, pior para o alcance do seu conteúdo, que vai ficando para trás. Ou seja, entre um vídeo ruim e uma imagem boa, prefira a imagem, especialmente se ela gera mais engajamento. Mas, se o seu reels for no mínimo razoável, aí, é melhor o vídeo mesmo.
- Recomendações Orgânicas - Agora também, o Instagram passou a recomendar postagens que não fazem parte das pessoas que você segue. Ele busca conteúdo semelhante ao que você curte em outras contas pelo mundo, e organicamente recomenda. E a sua postagem? Ela também pode ser recomendada, especialmente se ela teve engajamento e alcance (e se for vídeo).
- Mais Vídeos - Reels e Storie ganham importância. Foi liberado nessa semana o storie de 60 seg., e o Reels ganha novas funcionalidades que antes havia apenas no storie. Quem produz mais vídeos é mais premiado, e o Insta está mostrando mais vídeos mesmo (reels reinam no feed).
Tendências e Implicações
Será que o Instagram está "pisando na bola"? Perdendo a sua essência? Será que ele vai morrer?
Conforme um relatório do Google, a retenção do público jovem é muito maior a vídeos curtos. Por isso, o YouTube criou o Shorts (vídeos curtos no formato do storie - tela de celular). Ou seja, o Insta está certo. Essa tendência tem sua comprovação empírica (você e eu somos prova disso) e científica (não vou falar sobre isso agora). Mas, todo produto tem sua vida útil, e pode ser que um dia o Insta deixe de existir. O que devemos nos lembrar é que as redes sociais ganham dinheiro com publicidade (anúncios). Dessa forma, são empresas que visam lucro, e só conseguem isso através de audiência. Sim, eles precisam que as pessoas gastem o precioso tempo na sua rede. Quanto mais tempo você fica numa rede social, mais anúncio você vê e mais dinheiro eles ganham. Então, ao ver parte do público gastar menos tempo no Insta e no Youtube e assistir dancinhas no Tik Tok, essas empresas trataram de trazer mudanças para prender a atenção das pessoas. Tipo, "é isso que você quer, toma!"
Claro que essas mudanças trazem implicações! Os produtores de conteúdo terão que mudar suas rotinas e produções. Pensar em roteiros, gravar, editar, passou a ser quase que obrigatório para se destacar nas redes sociais daqui pra frente. E não estou falando apenas de influenciadores não. Empresas acostumadas a postar fotos de seus produtos, deverão fazer vídeos. De preferência com alguma interação com o produto.
Outra implicação tem a ver com o seu círculo social. Antes, o Insta privilegiava as suas conexões, amizades, sua "rede", para lhe mostrar conteúdo. Agora, é mais uma questão de tema, do tipo de coisa que você curte, assiste, e não quem. Ou seja, o seu conteúdo acaba concorrendo com o do mundo todo na sua audiência. Dessa forma, buscar engajamento com o seu público-alvo (local) torna-se mais importante ainda. Tipo, que tal avisar, via Messenger, a sua audiência sobre as suas postagens? Vai ter que melhorar o seu sistema de comunicação com sua audiência. Nesse ponto, o social media ganha importância.
Por último, uma implicação óbvia, planejamento e constância são ainda mais importantes na gestão do Insta de sucesso.
E aí, o que achou das mudanças no Instagram? Conta aí nos comentários! Ficou preocupado? Quer dominar técnicas e estratégias para o Instagram e outras redes sociais (Tik Tok)? Deixo de presente uma super recomendação de curso para atuar no digital. Confia em mim, vai te ajudar muito (nem que seja para ideias e referência). Clica no banner abaixo e confira!